quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O diário

Dizem que quando a dor é repartida, as escoriações acabam sendo estancadas ou fechadas, e cá estou compartilhando minha alegria inexistente, com um pedaço de papel e uma caneta velha sem tampa. Foram poucas as coisas que me derrubaram ao menos uma vez: - Uma morte, um soco e um diário. Há tempos que algo não me levava a uma reflexão. Prefiro ficar calado e permitir que entre meus Dedos e meu pensamento exista uma conexão perfeita.
Li apenas algumas linhas, as quais me cabiam... Preferia ter passado a diante, ter virado essa página de fato, mas não se podem esquecer as revelações... A um choque! Um estado psicodélico que por pouco não volto. Em minhas pernas um formigamento irritante e entre as outras partes do meu corpo um suor frio, um conteúdo imaginável com palavras inacreditáveis... Prosseguir a leitura? Porque não?(deveria ter parado ai), fim da linha. Tudo o que eu (não) deveria saber, acabei sabendo. A autora do diário tenta de todas as formas e maneiras um baile de desculpas, afirmando que estava confusa. Ora se ela estava o que posso dizer de mim? Que entendo com toda a perfeição cabível, não sou tolo, sou humano, frágil e cheio de vícios (com os olhos fechados) ela me abraçou, permaneci em um estado de secura.
Foram poucas as coisas que me fizeram ficar sem sentido: - uma morte, um soco e um diário. Fechei os olhos com a firmeza de um chute bem dado, mas não adiantou. Longe da autora me senti como se fosse uma cidade em ruínas, sobre chamas. Noite mal dormida, lembranças desgraçadas.
Hoje estou melhor que ontem e sem dúvida alguma melhor amanhã, rogo para que nada se renove, peço que permaneça na inércia, ou melhor, em um estado sem movimento, quisera eu pudesse ter dito a autora todas as minhas angústias existentes, não são nada comparadas a uma crise existencial... É uma tentativa insípida de um afogamento no mar dos meus pensamentos.
Foram poucas as coisas que me fizeram deixar sem vontade de levantar: - uma morte, um soco e um diário.
A morte me roubou a esperança, o soco a minha coragem, o diário? Deu-me vergonha (de mim), tristeza, repudio e me deu lágrimas. Em um mar que o vento cantava em uma pedra me agarrei e chorei...
Foram poucas as coisas que me fizeram me debruçar em lágrimas: - Uma morte, um soco e um diário. Hoje eu tento apagar esse diário já inexistente, sem dissipar a autora.

Filipe Marques

8 comentários:

Anônimo disse...

Nossa! Texto com uma qualidade inigualável!
Estilo realista, levando o leito à interagir com o autor!
Perfeito!!

Muito lindo!!

Jonatas Fróes disse...

Sinceramente, li o texto mas não sei bem o que comentar sobre ele. Achei um tanto quanto solitário, não sei explicar.

[]'s

http://musica-holic.blogspot.com/

Karina disse...

Bom blog... esse negócio de navegar por blogs vai ficando cada vez mais interessante...

bj

Samires França disse...

Não sei se lhe condeno por invasão de privacidade,
ou lhe consolo pela descoberta inconsequente de uma verdade dolorosa.
Acho melhor não condenar, não sou juíza de nada. Consolar também não posso, afinal, não o conheço e vice-versa, no máximo estaria me metendo em sua vida.
Posso apenas dizer que com palavras, vc é um maestro.
Abraço.

Unknown disse...

Palavras bonitas!

ta bacanaa, meio tristinho, mas tah legal ;D

Lucas Oliveira disse...

muito bom!

texto impressionante!

abçs

Lucas de Oliveira

Carol Moura disse...

A autora compartinha suas angústias com o leitor, mas ele não quer compartilhar das suas com ela.
quem seria a autora?
alguém próximo?
o diário é um meio de se expressar mas fácil q falar pessoalmente?
gosto dos teus textos pq são profundos e mostram sentimentos.
=***

Unknown disse...

um tanto solitario ne..
mas ta bonitoo!
:}